A Doença de Dupuytren é um espessamento anormal do tecido conjuntivo na palma da mão, chamado de fáscia palmar. Este espessamento forma nódulos e cordões que podem puxar os dedos para uma posição dobrada, dificultando a extensão completa.
Não se sabe a causa exacta, mas a doença pode estar associada a factores genéticos, idade avançada, história familiar, diabetes, etc. A patologia pode afectar significativamente a capacidade de realizar tarefas diárias que requerem a extensão completa dos dedos, como segurar objectos ou apertar a mão.
Quem afecta?
Geralmente homens com mais de 40 anos, ocasionalmente mulheres.
Porque acontece?
A doença de Dupuytren é um espessamento da fáscia palmar da mão e dos dedos. Esta fáscia é uma espécie de tela que cola a pele às estruturas mais profundas, dando firmeza à palma e aos dedos. Isso contrasta com o dorso da mão, onde a pele é muito mais móvel e não proporcionaria tanta rigidez para pegar em objectos.
Na fáscia palmar existem células chamadas miofibroblastos. Em pessoas com doença de Dupuytren, essas células multiplicam-se, proliferam e formam nódulos e cordas estruturadas na palma da mão e nos dedos. Estes nódulos e cordas podem acabar por se contrair, começando a dobrar os dedos em direcção à palma da mão.
Exemplos de doença de Dupuytren, com lesões nodulares, contracturas ligeiras ou contractura severa.
Existem vários factores de risco associados ao desenvolvimento da doença de Dupuytren. Estes incluem, entre outros: factores genéticos (hereditário), diabetes, ingestão excessiva de álcool, epilepsia. Pode também acontecer como reacção do organismo a algum tipo de traumatismo, mas nesses casos também poderá ter algum grau de hereditariedade.
Sintomas
Espessamentos/nódulos ou estruturas semelhantes a cordas aparecem progressivamente na palma da mão e estendem-se até aos dedos, fazendo com que estes se dobrem em direcção à palma. Podem ser ligeiramente dolorosos numa fase inicial, mas tendem a ser indolores.
Consoante o grau de evolução da doença, os doentes podem notar diferentes problemas resultantes da contractura fixa de algum dedo:
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incapacidade de colocar a mão espalmada sobre uma mesa;
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incapacidade de colocar a mão no bolso;
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dificuldade em cumprimentar com aperto de mão;
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dificuldade a lavar o rosto, etc.
Exame clínico
Esta doença costuma ser muito fácil de diagnosticar e tem um aspecto clínico característico. Nódulos e estruturas semelhantes a cordas desenvolvem-se na palma da mão e podem-se estender até aos dedos. À medida que a doença progride, os dedos podem enrolar-se na palma da mão.
Um teste simples para avaliar a gravidade da doença é o table top test: O doente é solicitado a colocar a mão espalmada sobre a mesa. Se não conseguir fazê-lo, é provável que necessite de tratamento.
Exames Complementares
Geralmente, nenhum é necessário, pois a doença é muito fácil de diagnosticar. Apenas em casos de dúvida diagnóstica se solicitam exames.
Tratamento cirúrgico
O tratamento mais comum para a doença de Dupuytren é a cirurgia.
Esta é realizada em ambulatório, sob anestesia local, regional ou geral. A duração varia consoante a gravidade da contractura e é geralmente executada com garrote na raiz do membro.
É realizada através de uma incisão longitudinal ou tipo ziguezague na palma da mão e ao longo do dedo. Os retalhos cutâneos são elevados e são protegidos os vasos e nervos, para remoção em segurança da corda de Dupuytren. Raramente, e apenas em casos mais avançados, quando a pele está fortemente envolvida, é necessário colocar um enxerto de pele sobre a ferida. O enxerto de pele é retirado do antebraço. O garrote é desinsuflado e qualquer sangramento existente é controlado. A pele é suturada com pontos absorvíveis e aplicado um penso volumoso, sendo permitido movimento imediato dos dedos.
As suturas são normalmente absorvíveis, para evitar que tenham que ser retiradas.
Reabilitação pós-operatória
São prescritos analgésicos, que devem ser iniciados antes que a anestesia passe.
A mão deve ser elevada o máximo possível durante os primeiros dias para evitar inchaço nas mãos e nos dedos.
Ao fim de poucos dias, o penso é reduzido para um volume menor, para que haja mais liberdade de movimento dos dedos.
São mantidos cuidados de penso até à cicatrização das feridas, o que leva entre 2 a 3 semanas.
Logo que possível, inicia-se fisioterapia para recuperação funcional.
Regresso às actividades da vida diária
Condução: a mão precisa de ter controlo total sobre o volante ou alavanca de mudanças. É aconselhável atrasar o regresso à condução até que as feridas estejam totalmente cicatrizadas, o que pode levar 2 a 3 semanas.
Trabalho: depende do ambiente de trabalho de cada pessoa. O regresso ao trabalho manual pesado só se aconselha passadas 4 a 6 semanas ou mais. Trabalho administrativo leve pode, em geral, ser retomado poucos dias da cirurgia, com limitações.
Regresso às actividades da vida diária
No geral, mais de 95% dos doentes ficam satisfeitos com o resultado. No entanto, podem ocorrer complicações.
Existem complicações específicas da cirurgia de Dupuytren e também complicações gerais associadas à cirurgia da mão.
Complicações gerais:
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Infecção (muito rara);
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Neuroma/lesão nervosa;
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Dormência;
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Cicatriz incómoda / dolorosa / hipertrófica;
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Inchaço;
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Equimose;
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Rigidez;
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Síndrome de dor regional complexa.
(1-2%; reacção rara à cirurgia com mãos rígidas e dolorosas - pode ocorrer com qualquer cirurgia da mão, desde um procedimento menor até outro mais complexo).
Complicações específicas:
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Recidiva: a cirurgia não é curativa e a doença pode surgir novamente;
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Falha em conseguir que o dedo fique totalmente esticado, o que é mais comum em graus mais avançados de doença ou em casos de recidiva;
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Lesões nos vasos sanguíneos e nervos do dedo, que podem deixar um lado do dedo dormente ou comprometer a vascularização;
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Atraso na cicatrização da ferida cirúrgica.