Polegar do Esquiador / Lesão de Stener

A lesão de Stener, também conhecida por Polegar do Esquiador, é uma lesão que afecta o ligamento colateral ulnar do polegar, particularmente na articulação metacarpofalângica (na base do polegar).
Esta lesão ocorre quando existe a deslocação ou ruptura do ligamento após uma torção ou forte impacto no polegar, frequente na prática desportiva ou quedas, e é associada a uma condição em que o ligamento rompido fica deslocado sobre o músculo adutor do polegar, impedindo a sua cicatrização adequada.
Quem afecta?
Afecta maioritariamente pessoas que praticam desportos de contacto ou com elevado risco de queda. É uma lesão típica do ski.

Porque acontece?
Acontece quando o polegar é violenta e repentinamente desviado para fora, rompendo o ligamento do lado de dentro da articulação metacarpofalângica.
É frequente em quedas no ski, mas também em desportos de contacto ou em quedas de mota, por exemplo.
Sintomas
Dor na parte de dentro da base do polegar, acompanhada de inchaço e falta de força, quer pela dor, quer pela instabilidade.
Exame clínico
Observa-se dor à palpação e inchaço na zona do ligamento, no lado de dentro do polegar. Quando se força a articulação, ela cede devido à incompetência do ligamento.
Exames Complementares
Raio-x: pode demonstrar uma pequena fractura mas, na maior parte dos casos, não demonstra qualquer alteração.
Pode ser necessário fazer uma ecografia ou ressonância magnética para confirmar o tipo de lesão do ligamento.
Tratamento conservador, não cirúrgico
O tratamento não cirúrgico está indicado em casos de entorses ou rupturas pouco significativas do ligamento, em que ele se mantém na sua posição normal e tem potencial de cicatrização.
Requer o uso de uma tala para imobilização durante várias semanas, normalmente seguido de fisioterapia.
Tratamento cirúrgico
É o tratamento indicado na maior parte dos casos. Isto porque, quando o ligamento rompe, tem tendência a sair da sua posição anatómica normal e não cicatrizará de forma correcta, o que leva a dor crónica por instabilidade da articulação.
É feita uma incisão do lado de dentro do dedo, de cerca de 2 cm, o ligamento é reposto no seu lugar, reparado e reforçado usando âncoras ósseas e uma fita sintética de reforço.
Em casos crónicos, pode ser necessário colher um tendão para reconstruir o ligamento, o que apenas aumenta ligeiramente o tempo cirúrgico.
As suturas são absorvíveis.
É aplicado um penso e pode ser aplicada uma tala amovível.
Aspecto per-operatório de uma lesão de Stener, com o ligamento desviado da sua posição anatómica
Aspecto per-operatório de uma lesão de Stener, com o ligamento desviado da sua posição anatómica
Reabilitação pós-operatória
O doente pode ir para casa logo após a operação.
Os analgésicos prescritos geralmente controlam a dor no pós-operatório e devem ser iniciados após a alta.
A mão deve ser elevada, tanto quanto possível, durante os primeiros 5 dias, para prevenir o inchaço.
É estimulado o movimento suave dos dedos e punho.
O penso é normalmente trocado 2 ou 3 dias após a cirurgia, sendo necessários cuidados de penso durante cerca de 10 dias.

É colocada uma tala amovível no dia da cirurgia, que se manterá presente durante as primeiras 6 semanas de pós-operatório. No entanto, a mobilização do dedo e a fisioterapia começam alguns dias após a cirurgia.
Regra geral, às 6 semanas a tala é abandonada excepto em situações de risco significativo de traumatismo.
A recuperação considera-se normalmente completa cerca dos 3 meses de pós-operatório, sem restrições a partir daí.
Regresso às actividades da vida diária
As actividades de vida diária são retomadas pouco depois da cirurgia, mesmo que com o uso da tala, conforme o doente tolere.
A partir das 6 semanas de pós-operatório, a tala raramente será usada.
A partir dos 3 meses, deixam de haver quaisquer restrições, em regra.

Condução: a mão precisa de ter controlo total sobre o volante ou alavanca de mudanças. É aconselhável atrasar o regresso à condução até que se esteja livre de dor e se possa controlar um carro numa emergência, o que pode levar alguns dias ou semanas.
Trabalho: depende do ambiente de trabalho de cada pessoa. O regresso ao trabalho manual pesado só se aconselha passadas cerca de 6 semanas ou mais. Trabalho administrativo pode ser retomado passados poucos dias da cirurgia.
Complicações
Em geral, mais de 95% dos doentes ficam totalmente satisfeitos com o resultado. Contudo, podem ocorrer complicações.
Existem complicações específicas para a esta cirurgia e também complicações gerais associadas à cirurgia da mão.
Complicações gerais:
  • Infecção (muito rara);
  • Neuroma/lesão nervosa;
  • Dormência;
  • Cicatriz incómoda / dolorosa / hipertrófica;
  • Inchaço;
  • Equimose;
  • Rigidez;
  • Síndrome de dor regional complexa.
    (1-2%; reacção rara à cirurgia com mãos rígidas e dolorosas - pode ocorrer com qualquer cirurgia da mão, desde um procedimento menor até outro mais complexo).
Complicações específicas:
  • Dor por instabilidade persistente, por falência da cicatrização do ligamento ou da sua reconstrução;
  • Lesão de um dos nervos que dão sensibilidade ao dorso do polegar;
  • Cicatriz incómoda durante algumas semanas a meses.

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