A tendinite de Quervain, também conhecida como tenossinovite estenosante de de Quervain, é uma patologia dolorosa que afecta os tendões na base do polegar, provocando dor no punho.
Quem afecta?
Geralmente adultos, sendo ligeiramente mais frequente em mulheres. É muito frequente no final da gravidez e período pós-parto.
Porque acontece?
Os tendões que passam no dorso do punho passam através de túneis separados, para assegurar que se mantêm na sua posição. O espaço dentro destes túneis é limitado. Se ocorrer um processo inflamatório no túnel, os tendões que aí passam podem ser irritados por excesso de fricção, o que conduz a dor e inchaço. A tendinite de Quervain ocorre quando este processo envolve alguns tendões responsáveis pelo movimento do polegar (longo abdutor do polegar e curto extensor do polegar), dando queixas na base do polegar, ao nível do punho.
Sintomas
Dor e inchaço na face lateral do punho, na base do polegar. A dor pode irradiar para o polegar e agrava-se com os movimentos deste, sendo difícil fazer movimentos de preensão e pinça.
Zona dolorosa na Tendinite de DeQuervain
Exame clínico
Dor na face lateral do punho, ligeiramente acima da base do polegar. Se se fechar o polegar dentro da palma da mão, preso pelos outros dedos, e se desviar o punho para o lado contrário ao do polegar, provoca-se dor – este teste é diagnóstico e conhecido como teste de Finkelstein.
Teste de Finkelstein
Exames Complementares
Normalmente não são necessários exames para confirmar este diagnóstico, é suficiente o exame clínico feito pelo médico. Em alguns casos, pode ser pedida uma ecografia ou até uma ressonância magnética.
Tratamento conservador, não cirúrgico
Repouso do polegar, com o uso de uma tala específica, removível; Medicação com anti-inflamatórios e analgésicos; Fisioterapia; Infiltração com um corticosteróide (geralmente, uma ou duas no máximo) – pode ajudar a reduzir a inflamação e a dor de forma drástica, mas não se deve repetir pelo risco de degeneração da gordura subcutânea ou dos tendões ou alteração da pigmentação da pele.
Tratamento cirúrgico
Quando o tratamento conservador falha, ou quando a doença recidiva após tratamentos prévios, está indicado o tratamento cirúrgico. A cirurgia é feita em ambulatório, geralmente sob anestesia local, sem garrote, e dura cerca de 15 minutos. É feita uma pequena incisão transversa, na face radial do punho (lado do polegar), através da qual simplesmente se abre o compartimento tendinoso para permitir que os tendões deslizem livremente sem fricção. A pele é encerrada com uma sutura intradérmica.
Cicatriz típica para tratamento cirúrgico da tendinite de Quervain
Reabilitação pós-operatória
O doente pode ir para casa logo após a operação. Os analgésicos prescritos geralmente controlam a dor no pós-operatório e devem ser iniciados após a alta, antes da anestesia local perder o seu efeito. A mão deve ser elevada, tanto quanto possível, durante os primeiros 5 dias, para prevenir o inchaço. É estimulado o movimento suave dos dedos e punho. O penso é normalmente trocado 2 ou 3 dias após a cirurgia, sendo necessários cuidados de penso durante 10 a 12 dias. As suturas geralmente são absorvíveis e enterradas sob a pele, não sendo necessário retirá-las. As melhorias são graduais, mas pode levar até cerca de 3 meses para se ver o resultado final da cirurgia.
Regresso às actividades da vida diária
Condução: a mão precisa de ter controlo total sobre o volante ou alavanca de mudanças. É aconselhável atrasar o regresso à condução até que se esteja livre de dor e se possa controlar um carro numa emergência, o que pode levar alguns dias ou semanas, embora todos sejam diferentes e alguns doentes se sintam perfeitamente seguros poucos dias após a cirurgia. Trabalho: depende do ambiente de trabalho de cada pessoa. O regresso ao trabalho manual pesado só se aconselha passadas 4 a 6 semanas. Trabalho administrativo leve pode ser retomado imediatamente ou passados poucos dias da cirurgia.
Complicações
Em geral, mais de 95% dos doentes ficam totalmente satisfeitos com o resultado. Contudo, podem ocorrer complicações. Existem complicações específicas para esta cirurgia e também complicações gerais associadas à cirurgia da mão.
Complicações gerais:
Infecção (muito rara);
Neuroma/lesão nervosa;
Dormência;
Cicatriz incómoda/dolorosa/hipertrófica;
Inchaço;
Equimose;
Rigidez;
Síndrome de dor regional complexa. (1-2%; reacção rara à cirurgia com mãos rígidas e dolorosas - pode ocorrer com qualquer cirurgia da mão, desde um procedimento menor até outro mais complexo).
Complicações específicas:
Falha em resolver completamente os sintomas (pode ocorrer por libertação incompleta de todos os tendões envolvidos no processo);
Neuroma doloroso ou área de dormência no dorso da mão por lesão de um dos pequenos ramos sensitivos que atravessam o campo cirúrgico;
Cicatriz incómoda durante algumas semanas a meses.